segunda-feira, 28 de abril de 2008

Sonny Stitt, o Homem que não quis ser Deus

Em dezembro de 1957, 3 monstros sagrados do jazz, se juntaram para uma jam session. O trompetista Dizzy Gillespie o os 2 saxofonistas-alto, Sonny Stitt e Sonny Rollins se reuniram para fazer um disco simplesmente genial e apesar da duração ser de apenas de 36 minutos e com apenas 4 músicas, esse é com certeza, um marco no jazz.

Dizzy já era o monstro sagrado que todos conhecem, Sonny Rollins já havia gravado suas 3 grandes obras-primas (Saxophone Colossus, Tenor Madnesss e plus 4) e Stitt já tinha tocado ao lado dos grandes nomes do jazz, além de ter produzido uma quantidade imensa de discos.

Nessa gravação, os 3 estão inspiradíssimos na bela balada "On The sunny side of the street" mas é em "The Eternal Triangle", composição de Sonny Stitt, que os 3 desenvolvem um solo formidável, numa velocidade assustadora, onde a base do grupo formada pelo pianista Ray Bryant ao piano, seu irmão Tommy Bryant no baixo e o baterista Charlie Persip dão sustentação aos vôos dos 3.


O duelo entre o trompete de Dizzy , o sax-tenor de Rollins e o sax-alto de Stitt durante quase 15 minutos é simplesmente avassalador.

O que é o Dizzy, tirando aquelas notas de um agudo límpido e perfeito? O que são Rollins e Stitt duelando abertamente, improvisando em cima de um tema extremamente complicado?


Depois vem a 3ª faixa, "After Hours", um belíssimo blues, de mais de 12 minutos, com andamento lento, onde Ray Bryant brilha ao piano. Para encerrar, o tema "I Know that you know", onde os 3 aparecem solando outra vez, num andamento ligeiro.

Sonny Stitt, entre tantos saxofonistas, é um dos maiores injustiçados em relação ao reconhecimento de suas performances. Músico extremamente inteligente, com uma velocidade de raciocínio espantosa, talvez por opção, não tenha querido pagar o preço da fama e ter a sua vida exposta, já que entre todos os sax-altos que existiram no jazz, ele talvez tenha sido o músico que chegou mais perto do Deus, Charlie Parker.

Em meados dos anos 60, o músico se apresentou na Sala Cecília Meirelles, no Rio de Janeiro.Minutos antes de começar, Maurício Figueiredo –amigo pessoal e profundo conhecedor de jazz – pensou que o músico não conseguiria nem sair do camarim , devido a quantidade excessiva de álcool consumida antes da apresentação. Ledo engano... Foi um dos melhores shows já vistos - e olha que o meu amigo em mais de 40 anos de atividade profissional, viu show que não acaba mais!

Então, já que Sonny Stitt já não está mais entre nós, vamos lhe prestar uma bela homenagem ouvindo suas gravações que graças a Deus, estão eternizadas.


Um comentário:

Anônimo disse...

É muito gratificante ter as suas 'aulas' neste espaço; espero a cada semana uma nova postagem para meu enriquecimento musical.